Projeto prevê novas regras rígidas para coibir ultrapassagens de risco
Foto: Freepik/Ilustrativa.
Uma proposta em análise na Câmara dos Deputados pode endurecer de forma significativa as punições para ultrapassagens perigosas nas rodovias brasileiras. O texto prevê multa próxima de R$ 3 mil, suspensão da CNH por 12 meses e até restrições para circulação em estradas. A iniciativa reacende o debate sobre responsabilidade ao volante e o papel do Estado na redução de mortes no trânsito.
O Projeto de Lei 1405/24, apresentado pelo deputado Clodoaldo Magalhães (PV-PE), cria uma nova infração gravíssima no Código de Trânsito Brasileiro para motoristas que realizarem ultrapassagens consideradas arriscadas ou adotarem condutas com potencial de provocar acidentes graves.
Se aprovado, o motorista flagrado nesse tipo de manobra poderá ser multado em R$ 2.934,70, além de ter a Carteira Nacional de Habilitação suspensa por 12 meses e receber sete pontos no documento. Em caso de reincidência em até um ano, o período de suspensão dobra. A proposta busca equiparar essas punições às aplicadas hoje para práticas de risco extremo, como rachas e disputas ilegais.
A discussão avança num cenário em que ultrapassagens perigosas continuam entre as principais causas de colisões frontais — um dos tipos de acidente mais letais nas rodovias. Estudos do Observatório Nacional de Segurança Viária indicam que a maior parte das mortes no trânsito decorre de falhas humanas, especialmente por imprudência. Conforme entidades do setor, uma colisão frontal a 80 km/h tem mais de 90% de chance de resultar em morte.
Para Magalhães, ultrapassar em local inseguro “não é apenas infração, é desrespeito à vida”, e por isso as penalidades precisam ser mais rígidas.
Apesar do endurecimento das regras, especialistas alertam que a eficácia da medida dependerá da capacidade de fiscalização nas estradas. Muitas ultrapassagens perigosas acontecem justamente em trechos sem radares, como curvas, aclives e pistas simples. Mesmo com reforço de operações em feriados prolongados, relatórios recentes mostram que a imprudência segue como uma constante. Técnicos defendem que mudanças reais dependem da combinação entre legislação rígida, fiscalização contínua e educação no trânsito.
O PL 1405/24 já foi aprovado na Comissão de Viação e Transportes e agora aguarda análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJC), última etapa dentro da Câmara. Depois disso, segue para votação no Senado e, se aprovado, vai à sanção presidencial. Enquanto o texto estiver em tramitação, nenhuma das regras pode ser aplicada.
A proposta também reacende o debate sobre o impacto de multas elevadas no comportamento dos motoristas. Para especialistas, a punição financeira e a suspensão da CNH têm potencial de criar um alerta importante, mas precisam vir acompanhadas de campanhas permanentes de conscientização. Ainda assim, a possibilidade de pagar quase R$ 3 mil e perder o direito de dirigir por um ano pode funcionar como um freio para quem insiste em ultrapassagens de risco, principalmente em rodovias de pista simples.
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