Mais de 500 alunos foram afetados; comunidade acadêmica cobra soluções e critica falas do governador Jorginho Mello
Cerca de 500 estudantes da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), em Tubarão, estão sendo diretamente prejudicados pelos cortes no Fundo Estadual de Apoio à Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior Catarinense (FUMDESC). Segundo levantamento do Diretório Central dos Estudantes (DCE), aproximadamente 180 desses alunos são do curso de Medicina, um dos mais impactados, o que compromete não só a formação dos acadêmicos, mas também o atendimento à comunidade nos programas de saúde oferecidos pela universidade.
Os estudantes relatam que ingressaram na graduação com a expectativa de receber bolsas do FUMDESC, sendo que um dos critérios exigidos era estar regularmente matriculado. Apesar de cumprirem todos os requisitos e apresentarem a documentação necessária, muitos tiveram a concessão da bolsa negada por “falta de recursos”, o que contraria uma das principais promessas de campanha do governador Jorginho Mello, que chegou a afirmar que o programa seria o maior da história do estado. Há casos de estudantes com dívidas superiores a R$ 70 mil. A deputada Ana Paula Lima colocou sua equipe jurídica à disposição dos afetados, enquanto o DCE articula uma ação judicial coletiva para pressionar o governo.
Além dos cortes, os estudantes também estão preocupados com as denúncias de fraude no programa Universidade Gratuita. A imprensa e o Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC) apontaram indícios de irregularidades em mais de 18 mil matrículas, incluindo divergências patrimoniais, renda incompatível e até inscrições de beneficiários com empresas de grande porte. Segundo o diretor de Permanência Estudantil do DCE, Roger Klok, “a vaga tem que ir para quem realmente precisa”. Ele citou, por exemplo, o caso de uma filha de prefeito filiado ao partido do governador que teria sido beneficiada indevidamente. A Polícia Civil, por ordem do próprio governo, abriu investigação para apurar possíveis fraudes no processo de concessão das bolsas.
As críticas dos estudantes também se voltaram para declarações recentes do governador Jorginho Mello, que afirmou que “a Unisul não é mais comunitária e não é mais de Tubarão”. A fala gerou revolta entre os acadêmicos. Para Roger Klok, apesar de a universidade ter gestão privada, seu papel social é inegável. “Foi uma fala infeliz por parte do governo. A Unisul tem uma função social clara, especialmente na área da saúde, onde os atendimentos feitos por estudantes impactam diretamente a população”, afirmou.
O DCE reforça que a mobilização estudantil seguirá firme, exigindo que os recursos do FUMDESC e do Universidade Gratuita sejam distribuídos com transparência, respeito aos critérios e foco nos alunos que mais necessitam. Medidas judiciais seguem sendo discutidas para garantir os direitos dos estudantes e reverter os prejuízos causados.
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