A defesa das duas principais suspeitas deixou o plenário após ser confrontada pelo Ministério Público por apresentar provas que não constavam nos autos
Dois homens que participaram do homicídio de uma mulher em 2023 foram condenados pelo Tribunal do Júri em Braço do Norte, no sul de Santa Catarina. O julgamento durou mais de 20 horas, sendo concluído na madrugada de sábado (19/10). As condenações dos dois réus fazem parte de um caso que envolveu quatro pessoas no total, todas acusadas de manter a vítima em cárcere privado e, posteriormente, assassiná-la.
O primeiro réu, condenado a 21 anos, oito meses e 15 dias de reclusão, foi considerado culpado pelos crimes de cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Ele teve um papel central no crime, sendo o responsável por asfixiar a vítima, que já estava agonizando após ser brutalmente agredida. Além disso, ele participou tanto do sequestro quanto do enterro do corpo, que foi ocultado em dois momentos distintos. A primeira tentativa de esconder o cadáver aconteceu logo após o assassinato, e o corpo foi enterrado novamente em outro local mais tarde.
O segundo réu recebeu uma sentença de dois anos, seis meses e dez dias de reclusão em regime semiaberto por ocultação de cadáver e coação no curso do processo. Ele ajudou no segundo enterro da vítima, tentando garantir que o corpo nunca fosse encontrado.
As outras duas acusadas do crime são a atual namorada do ex-companheiro da vítima e sua ex-sogra. Elas foram as responsáveis por planejar o homicídio, mas seu julgamento foi adiado após um incidente durante a sessão. A defesa das duas mulheres deixou o plenário após ser confrontada pelo Ministério Público por apresentar provas que não constavam nos autos. A magistrada que presidia a sessão entendeu que o abandono de plenário foi injustificado e, por isso, o julgamento das duas rés precisou ser interrompido. O órgão de classe dos advogados foi notificado para apurar a conduta da defesa.
Detalhes do crime
A ação criminosa teve início em 21 de janeiro de 2023, quando três dos réus sequestraram a vítima usando um perfil falso nas redes sociais para atraí-la para um encontro. Sob o pretexto de entregar uma mensagem do ex-companheiro, os criminosos simularam um acidente ao bater o carro contra a bicicleta da mulher, forçando-a a entrar no veículo. A partir desse momento, a vítima foi mantida em cárcere privado, sofrendo agressões físicas e sendo privada de água e comida por dois dias. Ela teria sido amarrada e amordaçada em vários momentos, o que intensificou seu sofrimento físico e mental.
Em 23 de janeiro de 2023, a vítima foi brutalmente agredida e estrangulada, sendo levada à morte. Após o assassinato, os criminosos enterraram o corpo em um sítio em Braço do Norte. No entanto, posteriormente, eles desenterraram o cadáver e o enterraram novamente em um local de mata fechada, utilizando cal para acelerar a decomposição do corpo.
Motivações e qualificadoras do crime
As promotoras Daianny Cristine Silva Azevedo Pereira e Andréia Tonin apresentaram as teses acusatórias que foram acolhidas pelo júri. Elas argumentaram que o crime foi cometido por motivo torpe, devido a desavenças pessoais entre as acusadas e a vítima. A vítima era ex-companheira do namorado de uma das acusadas, que a responsabilizava pela prisão do homem, ocorrida em 2020, após ele ter causado um incêndio na casa da vítima. Além disso, o homicídio foi realizado com meios que dificultaram a defesa da vítima, incluindo a superioridade numérica dos agressores e o uso de extrema violência.
O Ministério Público de Santa Catarina continua acompanhando o caso para garantir que as duas principais acusadas também sejam julgadas e condenadas
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