Somente em 2025, já foram registradas 40 solicitações de medidas protetivas em Braço do Norte
Março, mês dedicado à celebração do Dia Internacional da Mulher, é também um momento importante para a reflexão e conscientização sobre as inúmeras formas de violência que ainda afligem muitas mulheres. Em Braço do Norte, a realidade não é diferente, e os números de medidas protetivas chamam atenção. Em 2023, foram registrados 137 pedidos de medidas protetivas; em 2024, houve um aumento para 179, e, em 2025, até o momento, já são 40 registros.
As medidas protetivas são ações legais que visam garantir a segurança da mulher vítima de violência doméstica. Elas podem incluir o afastamento do agressor, a proibição de contato com a vítima e o acompanhamento das vítimas, entre outras. Segundo a delegada Gabriela Tisott Fruet, responsável pelos casos de violência doméstica na Delegacia de Polícia Civil de Braço do Norte, esses números revelam uma crescente preocupação, mas também uma maior conscientização e busca por ajuda. "Embora os números mostrem um aumento, é importante destacar que a denúncia está cada vez mais acessível às mulheres e à sociedade como um todo. A violência doméstica não se limita à agressão física, mas abrange também violência psicológica, moral, sexual e patrimonial", explicou a delegada.
Tipos de violência e como identificar
A violência contra a mulher pode se manifestar de diversas formas, e é crucial que a sociedade saiba identificar os sinais. A violência física, que é a mais evidente, pode envolver agressões como socos, empurrões ou qualquer outro tipo de agressão corporal. A violência psicológica inclui humilhações, ameaças, controle excessivo e atitudes que visam diminuir a autoestima da mulher. Já a violência sexual envolve qualquer tipo de ato sexual não consentido, e a violência patrimonial trata-se da destruição ou roubo de bens pessoais da vítima. A violência moral, por sua vez, é caracterizada pela calúnia, difamação ou injúria, com o objetivo de destruir a imagem da mulher perante a sociedade.
Como proceder diante de um caso de violência?
A delegada Gabriela Tisott Fruet destaca que, atualmente, o processo de denúncia e proteção às vítimas de violência está mais acessível. "As mulheres podem denunciar a violência de diversas formas, sem a necessidade de ir fisicamente até a delegacia. Esses meios garantem anonimato e segurança", afirmou.
Ela também ressaltou que a denúncia não precisa ser feita apenas pela mulher vítima. "Qualquer pessoa que presencie uma situação de violência ou tenha conhecimento de casos pode e deve denunciar", explicou. A delegada reforçou que, hoje, a denúncia pode ser feita de forma anônima, o que confere ainda mais proteção à vítima e à pessoa que deseja ajudar.
Avanços na legislação e proteção às mulheres
Com a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, e outros avanços legislativos, a proteção às mulheres se tornou mais robusta. A lei estabelece medidas protetivas, como o afastamento do agressor, e reforça as penalidades contra os infratores. A delegada Gabriela Tisott Fruet enfatiza que esses avanços são fundamentais, mas ressalta que a maior dificuldade ainda é a omissão por parte das vítimas. "Muitas mulheres ainda têm receio de denunciar, seja por medo, vergonha ou dependência emocional e financeira. É importante que elas saibam que seus direitos estão garantidos por lei e que, ao denunciar, estarão se protegendo e, muitas vezes, evitando que o agressor cometa crimes mais graves", afirmou.
O último feminicídio em Braço do Norte
Infelizmente, a cidade de Braço do Norte também registra o triste fato de feminicídios, como o ocorrido em agosto de 2023. O caso envolveu a morte de uma mulher vítima de violência doméstica, e o autor do crime cometeu suicídio em seguida. A delegada Gabriela Tisott Fruet explica que, apesar dos avanços, os feminicídios ainda são uma realidade preocupante. "Há um estudo que aponta que a tendência de crimes mais graves, como o feminicídio, pode ser evitada com uma intervenção precoce e com a denúncia das vítimas ou de quem estiver próximo. A conscientização sobre os direitos das mulheres e sobre os canais de denúncia é um dos fatores fundamentais para combater esse tipo de crime", disse.
Rede Catarina: Uma rede de proteção integrada
A delegada também ressaltou a importância do "Rede Catarina", uma iniciativa que envolve diversas instituições e busca oferecer suporte e proteção integral às mulheres vítimas de violência. Segundo ela, a Polícia Civil trabalha em conjunto com a Polícia Militar, unidades de saúde e outras entidades, garantindo um atendimento mais rápido e eficaz. "O trabalho integrado entre as forças de segurança e demais serviços é essencial para garantir que a mulher seja amparada e protegida, e que o agressor seja responsabilizado por seus atos", concluiu.
Um chamado à ação
Neste mês de março, além de celebrarmos as conquistas das mulheres, é fundamental refletirmos sobre o que ainda precisa ser feito para erradicar a violência doméstica e garantir a segurança das mulheres. A delegada Gabriela Tisott Fruet faz um apelo para que as mulheres busquem seus direitos e denunciem qualquer tipo de violência. "Não se cale. A sua segurança e bem-estar são prioridade. Lembre-se, você não está sozinha, há apoio e proteção disponíveis", finalizou.
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