Sindicato de Indústrias da Construção e do Mobiliário estima que houve mais de 300 desligamentos. A Artefama Móveis, que atua no setor desde 1945, não divulgou números
O polo madeireiro do Norte de Santa Catarina enfrenta uma nova crise econômica. A Artefama Móveis, empresa de São Bento do Sul que atua no setor desde 1945, demitiu funcionários em massa nesta quarta-feira (17), após queda nas vendas causada pelas tarifas sobre produtos brasileiros aplicadas pelos Estados Unidos.
O Sindicato de Indústrias da Construção e do Mobiliário (Sindusmobil) estima que mais de 300 trabalhadores foram desligados, embora a empresa não tenha confirmado oficialmente o número. Somente no polo madeireiro da região, que engloba também Rio Negrinho e Campo Alegre, 62% da produção é destinada ao mercado americano.
Em nota, a Artefama informou que está promovendo uma reestruturação para se adaptar às mudanças recentes no comércio internacional. “Como parte desse processo, será necessário reduzir grande parte de nossa equipe para manter a operação viável e preparar a empresa para um novo ciclo de crescimento. Essa foi uma decisão difícil, mas necessária para garantir que continuemos produzindo e mantendo nossa presença no município”, destacou o comunicado.
As tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começaram a valer no início de agosto e representam os maiores impostos médios sobre produtos estrangeiros em mais de cem anos, afetando dezenas de países.
Segundo o presidente do Sindusmobil, Luiz Carlos Pimentel, as indústrias exportadoras do setor não têm previsão de geração de caixa futuro e, por isso, “se veem obrigadas a tomar decisões mais difíceis, como redução do quadro de funcionários”.
Levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) indica que, desde o anúncio das tarifas em 9 de julho até 15 de setembro, foram registradas ao menos 4 mil demissões no setor em todo o país. O segmento inclui produção de compensados, madeira serrada, pisos, molduras e portas, e emprega cerca de 180 mil pessoas no Brasil.
Para enfrentar a crise, as empresas têm recorrido a medidas temporárias, como acordos coletivos, redução de jornada e férias, além de buscar novos mercados, uma estratégia que exige tempo e investimento, explica Pimentel.
Em agosto, o governo de Santa Catarina anunciou um pacote emergencial de R$ 435 milhões para apoiar exportadores afetados, visando proteger mais de 70 mil empregos ligados às indústrias impactadas.
A Artefama reforçou que continuará reorganizando processos e explorando novos mercados, com o objetivo de recuperar a capacidade produtiva e gerar empregos novamente no futuro.
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