Para essa jornalista foi difícil demais escrever esse texto para registar sua morte. Convivi com ele, esse privilégio, presente de Deus, um amigo que me ensinou muito na vida profissional e pessoal. Uma inspiração para as próximas gerações
Tem situações na vida de um jornalista que não há como separar o pessoal do profissional. Essa é uma, somos humanos!. Escrevo, espero finalizar - com lágrimas, tremendo, soube há pouco -, para registrar a morte de um grande homem, em muitos aspectos: David Coimbra.
Nos quase 20 anos que morei em Criciúma, tive o grande privilégio, um presente de Deus, de conviver com David durante um bom período. Além de um dos maiores talentos que conheci na área da comunicação (uma carreira é brilhante), era um ser de luz. Sim! Era!
Nos conhecemos quando ele chegou em Criciúma para assumir a coordenação de Jornalismo da Rádio Eldorado, onde eu trabalhava à época. Aliás, David, gaúcho de Porto Alegre, a adotou, entre idas e vindas, onde residiu algumas vezes, fez grandes amigos, e amava a cidade. Tenho certeza, estão em total tristeza.
Fizemos uma amizade, “verdadeira”, a que se pode contar em qualquer situação. Quantas histórias me vem à memória. Seu sorriso iluminado que faz bem pra alma (ainda choro), nossas produtivas conversas, os encontros com os amigos, seus conselhos, diversão - ele não dirigia, não sabia, ao menos naquele tempo, e o táxi sempre entrava em cena (rsrsrs e choro, uma mistura de emoções).
E histórias, David sabia contar e escrever com uma sabedoria grandiosa. Tinha alegria enorme pela vida, amava viver, para ele não tinha ´tempo ruim´, a levava com leveza, um incrível senso de humor, tirava sarro dos amigos, e passava uma energia maravilhosa. Inspirava, dava exemplo, ensinamento.
Um jornalista de grandes aptidões. Radialista, escritor e cronista, foi um dos autores mais reconhecidos do Rio Grande do Sul. Com passagens por diferentes redações do Sul do País, assinou obras literárias, foi apresentador e conquistou prêmios.
Com ele aprendi muito profissionalmente, tinha um texto excelente, conhecimento, inteligência, sensibilidade, experiência, ensinamento. Foi um grande mestre em meu trabalho e em minha evolução como pessoa.
Obrigada! Por ter feito parte da minha vida, da minha história! Que continues brilhando onde estiveres!
A partida
David Coimbra morreu nesta sexta-feira (27), aos 60 anos, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Desde o último domingo (22), estava internado para tratar um câncer descoberto em 2013 no rim esquerdo que se espalhou para outras três partes do corpo, segundo o Grupo RBS, onde atuava como comentarista e colunista do jornal Zero Hora e do Portal GZH.
Naquele ano, após uma cirurgia para retirar o órgão, David passou a viver entre Boston, nos Estados Unidos (EUA), e o Brasil, para tratar a doença.
Ele deixa a esposa Marcia Camara e o filho Bernardo, de 14 anos. E um grande legado de inspiração a muitas pessoas.
Trajetória profissional
Durante sua trajetória, trabalhou em Criciúma, na sucursal do Diário Catarinense em 1986. Também fez parte das redações do Jornal Manhã, Rádio Eldorado e RCE TV, antes de se transferir para o grupo RBS. “Tinha um grande talento no texto e logo se destacou na editoria de esportes, com a crônica. Passou por mais de 10 redações no Sul do Brasil, entre elas: Correio do Povo, Diário Catarinense, Jornal NH, Jornal de Santa Catarina, Rádio Guaíba e RCE TV (SC).
Obras:
David lançou vários livros. A História dos Gre-Nais, sobre a evolução do maior clássico esportivo gaúcho, seleções de crônicas (como A Mulher do Centroavante) e contos (A Cantada Infalível), romances como Canibais, em que recria o rumoroso caso policial envolvendo consumo de carne humana na Rua do Arvoredo, em Porto Alegre, além de textos políticos e de história.
O último, “Hoje eu venci o câncer”, lançado em 2018, foi um relato pessoal sobre a descoberta da doença e o período de tratamento.
No último dia 16, o jornalista publicou, pela GZH, a crônica Quando Quis Morrer, onde relata não somente a sua rotina de dor e mal-estar, mas também o carinho que recebia da família e amigos.
Abaixo, confira a nota do Hospital Moinhos de Vento:
O Hospital Moinhos de Vento informa com pesar o falecimento do jornalista David Coimbra, nesta sexta-feira (27), aos 60 anos, em decorrência de complicações em função de um câncer renal. Ele estava internado na instituição desde o dia 22 de maio e, na última quinta-feira, foi encaminhado ao Centro de Terapia Intensiva.
Porto Alegre (RS), 27 de maio de 2022
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