Cálculos da Associação Catarinense de Avicultura mostram que, desde o início do ano, saca de milho ficou 71,4% mais cara e tonelada do farelo de soja subiu 155,5%.
A Associação Catarinense de Avicultura (ACAV) divulgou nota nesta quarta-feira (14/10) alertando para o risco de desabastecimento no Brasil após a forte valorização do preço dos grãos, sobretudo soja e milho, insumos que correspondem por até 70% dos custo de produção do setor. Diante do aumento das exportações brasileiras, com mais de 60% da safra de soja 2020/2021 e quase 55% da produção de milho já vendida no Mato Grosso, principal Estado produtor, a ACAV alerta que “a prioridade ao mercado internacional, caso não planejada, pode causar desabastecimento no mercado interno e escassez de produtos”.
“O aumento de custo é real. O momento de crise que a pandemia trouxe também dificulta o repasse de custos nas vendas. Todos estes aspectos nos desafiam. Parte destes cenários é compensado com exportações, mas não podemos deixar de citar que a maior parte das aves e suínos produzidos é para abastecer o mercado interno”, aponta o presidente da ACAV, José Antônio Ribas JR, ao prever “dias desafiadores pela frente”. A elevação de custos pode trazer reduções de produção e consequentemente redução de postos de trabalho. Já assistimos a este filme e não queremos repetir a história”, declara Ribas Jr ao reivindicar ações para conter a alta dos custos no país.
Entre as medidas defendidas pela ACAV, estão a redução de taxas de importação de soja e milho, a ampliação de parcerias com países produtores, criação de políticas de abastecimento e armazenamento de cereais, reordenação dos tributos estaduais, e o investimento em logística que priorize os polos de consumo interno, em detrimento dos canais de exportação. Além dos impactos sobre a produção, a Associação também alerta para os reflexos da alta dos grãos sobre a inflação dos alimentos, sobretudo no preço do frango e do suíno, proteínas mais baratas em comparação com a carne bovina.
“Ao longo da história estas proteínas se tornaram acessíveis a grande parte das famílias como resultado do trabalho que o setor faz. Mas também é fato que nenhum sistema funciona gerando déficit. Em algum momento este aumento de custos será sentido pelo consumidor. É inevitável”, aponta o presidente da ACAV. Segundo o indicador do Cepea, o preço do frango congelado no atacado paulista encontra-se no maior patamar da série histórica do Centro de Estudos, cotado a R$ 6,15 o quilo no último dia 13 de outubro - alta de 35,5% em relação ao ano passado e de 15,2% no ano.