Polícia Civil e Militar não confirmam a acusação e alertam sobre os perigos de acusações infundadas
Na tarde de sexta-feira (28), um homem foi brutalmente espancado por populares em Camboriú, após ser acusado de estuprar uma adolescente de 17 anos no bairro Cedros, no início de junho. No entanto, tanto a Polícia Civil quanto a Polícia Militar não confirmam que o homem agredido seja o autor do crime.
A agressão ocorreu quando o homem foi arrastado para o meio da rua e atacado violentamente. Um vídeo da cena foi gravado por uma testemunha e rapidamente viralizou nas redes sociais. A PM foi chamada ao local, resgatou o homem e deteve um dos agressores.
Segundo relatos ao Jornal Diarinho, a mãe da adolescente informou à comunidade que ele seria o estuprador. O delegado responsável pelo caso, David de Queiroz, enfatizou que a Polícia Civil não divulgou a identidade de nenhum suspeito e que o homem espancado não é reconhecido como tal pelas autoridades.
"O que está acontecendo é um verdadeiro absurdo. A Polícia Civil, em momento algum, divulgou a imagem desse homem. Tampouco eu, que sou o responsável pelo caso, afirmei que tínhamos um suspeito. Não faço ideia de quem é essa pessoa que está sendo espancada. Recebi esse vídeo e, em momento nenhum, a Polícia Civil afirmou que havia um suspeito", declarou o delegado.
A Polícia Civil também responsabilizou as redes sociais e parte da imprensa pela disseminação da imagem e acusação sem provas. "A foto desse homem foi divulgada em alguns veículos de imprensa. E eles têm responsabilidade também. A Polícia Civil está sendo extremamente cautelosa para não afirmar o andamento das investigações. É um grande absurdo o que está acontecendo, e a responsabilidade não é só dessas pessoas que agem de forma indevida, cometendo inclusive um crime", afirmou o delegado.
O delegado David Queiroz lembrou que os espancadores estão cometendo um crime e serão responsabilizados. Ele alertou que esse tipo de comportamento impulsionado por acusações infundadas nas redes sociais e na imprensa pode levar à punição de inocentes. "Essas pessoas que estão querendo fazer justiça é que estão sendo as verdadeiras criminosas. A imprensa e as redes sociais têm muita responsabilidade sobre esse tipo de comportamento, porque um inocente pode estar sendo acusado e pode inclusive pagar com a própria vida sem ter responsabilidade pelo crime", concluiu.
A PM de Camboriú também destacou que a foto de um homem, sem relação com o estupro da adolescente, estava sendo compartilhada nas redes sociais, o que levou à surra no meio da rua. "Não procede essa informação. Esse homem foi vítima de uma outra ocorrência, e estão usando a imagem dele...", disse a PM. A imagem em questão foi tirada dentro do hospital Ruth Cardoso, quando o homem foi socorrido após ser baleado em uma ocorrência de tráfico de drogas.
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