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INOVAÇÃO
28/05/2021 11h21

Pesquisa da UFSC avalia capacidade da cereja-do-mato de combater tumores

Os extratos da planta Eugenia involucrata, considerada nativa da Mata Atlântica no Sul do Brasil, foram aplicados em células de câncer de pâncreas, e os resultados foram promissores segundo os especialistas

Um estudo de possíveis ações do extrato da planta Eugenia involucrata, considerada nativa da Mata Atlântica no Sul do Brasil, especialmente abundante em várias cidades catarinenses, apresentou resultados promissores no combate ao câncer no pâncreas, que é conhecido por sua extrema agressividade.



A pesquisa, que envolve um grupo interdisciplinar do campus de Curitibanos, no Oeste catarinense, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é recente. O projeto para investigar a cereja-do-mato ou cereja-do-rio-grande, como também é conhecida, teve início há cerca de cinco anos e envolveu a avaliação da composição e das propriedades antioxidantes da fruta, folhas e sementes.



De acordo com os pesquisadores, o que chama mais atenção são os experimentos relacionados à capacidade antitumoral da cerejeira.



Segundo a professora do departamento de Agricultura, Biodiversidade e Florestas Evelyn Winter, o estudo ainda está em fase inicial e passou por testes com culturas de células em laboratório. Ainda são necessários muitos testes para comprovar o potencial antitumoral da cerejeira-do-mato.



“A gente nunca deve basear uma decisão clínica apenas em um resultado in vitro [em culturas de células], porque tem muitas etapas ainda até chegar no in vivo [estudos em animais]”, enfatiza a professora.



Durante o estudo, os pesquisadores confirmaram que a planta pode ser uma importante fonte de compostos bioativos, ou seja, ter substâncias que não são essenciais para o funcionamento do corpo, mas trazem diversos benefícios para a saúde.



"Foram utilizados os extratos das folhas e das sementes. Os extratos da planta foram comparados ao medicamento que é utilizado no tratamento do câncer de pâncreas", explica a professora Greicy Conterato, responsável pela avaliação das atividades antioxidantes.



De acordo com a professora, foi observado que o extrato de cerejeira foi mais tóxico para as células tumorais do que o medicamento já utilizado padrão no tratamento da doença.



"Os extratos das sementes e das folhas apresentaram maior potencial antioxidante in vitro em relação à fruta em todos os testes avaliados. De qualquer forma, as três partes apresentam atividade antioxidante importante", afirma.

Apesar de saborosa para comer pura ou em geleias, a fruta ainda é pouco conhecida. "Os estudos sobre o potencial biológico ainda são escassos. Esperamos que nossos resultados contribuam para a maior divulgação e valorização da cerejeira", explica.



Ainda de acordo com a professora, a fruta é importante como fonte de vitaminas, minerais e de compostos antioxidantes como as antocianinas e carotenóides, que são importantes na prevenção de doenças.



"A fruta contém fibras que também auxiliam no funcionamento adequado da atividade gastrointestinal", disse. Os pesquisadores desenvolveram uma cartilha com dados nutricionais e receitas da cerejeira-do-rio-grande.


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Capacidade antitumoral



De acordo com a professora Evelyn Winter, uma curiosidade é que cada parte da planta apresentou propriedades distintas. “Foi interessante que o estudo foi feito tanto em folhas da planta quanto nos frutos e sementes. Para a atividade antitumoral, a folha foi mais interessante, e, para atividade antioxidante, foram os frutos e a semente”, comenta.



No entanto, a pesquisadora não recomenda o consumo das folhas. "Estamos numa fase de estudo inicial, então não é recomendado que ninguém coma as folhas porque pode ser que quando ocorrerem estudos posteriores isso nem tenha eficácia. Na pesquisa clínica, geralmente é assim. Nos estudos in vitro temos muitos resultados promissores e conforme a gente vai avançando nos estudos, isso pode diminuir", disse.



Os testes com animais ainda não têm previsão para começar e os pesquisadores também vão precisar enfrentar uma série de empecilhos.



"Tem o financeiro, que atualmente tem pouco financiamento para fazer pesquisa, e de infraestrutura, que não tem locais apropriados para a criação da animais para o experimento no Campus de Curitibanos. Além disso, tem o desafio da pandemia, porque geralmente quem faz boa parte dos trabalhos são os alunos, que atualmente estão remotos e não estão na universidade", afirma.





Próximos passos



A professora Greicy explica que, por enquanto, seguem as análises da composição fitoquímica dos extratos e os próximos passos envolvem a identificação dos compostos que seriam responsáveis pelo efeito antitumoral.



Em paralelo, está em andamento um estudo sobre avaliação do potencial antidiabético da cerejeira desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul. No entanto, por conta da pandemia, os estudos precisaram ser interrompidos, e ainda não foram finalizados.



O trabalho é desenvolvido pelo Grupo de Estudos de Atividade Biológica e Toxicológica de Compostos Naturais e Sintéticos (GEATox) e fez parte da pesquisa de mestrado de Julheli Rohrbeck Girardelo. Além das duas professoras, participou do estudo o professor Cristian Soldi, que conduziu a produção dos extratos e a aluna Eduarda Laís Munari.



Sobre a planta



 




LegEspécie nativa do Sul do Brasil e especialmente abundante em cidades catarinenses — Foto: Adriana Francisco/enda



 



O formato do fruto da espécie tem nome técnico de piriforme, que lembra o formato de pera, e é composto de uma semente única e grande. As flores, brancas e numerosas, são usadas em perfumarias.



"A flor da Eugenia involucrata é tão efêmera que dura apenas um dia. Ela é uma planta com distribuição bem ampla no estado. É muito cultivada nas casas porque é uma árvore bonita e dá esses frutos comestíveis, embora tenha uma frutificação com pouca duração", disse o biólogo mestre em botânica pela UFSC e consultor em curadoria do Herbário Barbosa Rodrigues, Luís Funez.



A árvore é procurada para fins ornamentais ou frutíferas, e também usada em reflorestamentos e recuperação de áreas degradadas, pois os frutos atraem muitos pássaros.



Os frutos têm sabor doce e intenso, e têm as cores como a da cereja tradicional, que variam do vermelho intenso ao roxo.



A cereja-do-rio-grande pode ser ingerida in natura ou como produtos feitos a partir do seu processamento como geleias, sucos, licores e sorvetes. Assim, pode se tornar uma fonte de exploração econômica.



A fruta possui baixo teor de gordura e elevado conteúdo de fibras insolúveis. Também é fonte importante de vitaminas A, do complexo B e C, além de minerais, com destaque para o potássio e o magnésio.



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Fonte: G1 SC / Foto: Mauricio Mercadante/CC BY-NC-SA 2.0
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