Professor e árbitro de vôlei, André Wilson Testa, 31 anos, foi preso acusado de vários crimes de estupro contra menores de idade
“Ele fazia você ter confiança nele, dizia que não iria acontecer nada, que estava tudo bem e você ia gostar daquilo. Ele tentava te tranquilizar para mostrar que aquilo ali não era errado”. Esse é o depoimento de João Victor Querino Morais, uma das vítimas do professor e árbitro de vôlei André Wilson Testa, 31 anos, natural de São José, que foi preso acusado de vários crimes de estupro contra menores de idade nesta quinta-feira (4).
Hoje aos 19 anos, o jovem criou coragem para procurar a polícia e denunciar os supostos abusos que sofreu do ex-treinador. Na época, o atleta ainda era menor de idade, tinha 15 anos.
De acordo com João, foram ao menos seis abusos sexuais. O jovem fez um boletim de ocorrência e procurou a polícia em maio de 2022. Em alguns casos, o jovem relatou que, inclusive, foi alcoolizado pelo treinador antes dos atos.
“Ele [André] dizia que a gente teria que sair para conversar sobre trabalho. Aí você chegava lá e não tinha nada de trabalho, ele só queria beber e comer”, detalha João.
“Então ele te oferecia bebida, ia trazendo qualquer tipo de bebida e ‘mandando mais para dentro’. Ele ficava dizendo que se você não bebesse você era ‘chato’, ‘insuportável’. Querendo ou não uma hora você acabava cedendo porque era muita pressão psicológica”, completa.
O que diz a polícia
André Wilson Testa é professor e árbitro de vôlei ligado a Federação Catarinense de Voleibol e à Associação Desportiva e Cultural Terra Firme de São José.
Marcela França Goto, delegada responsável pela investigação, pediu a prisão preventiva do suspeito, que foi detido no fim da tarde desta quinta-feira.
“A prisão presentiva foi acatada pelo judiciário e na tarde de ontem [quinta] foi dado cumprimento ao mandado. No momento ele se encontra preso”, relata a delegada.
As primeiras testemunhas foram ouvidas no mês de junho. Os jovens que relataram terem sido abusados sexualmente são todos meninos. Todos são ex-alunos de Testa.
“Os adolescentes gostavam bastante do suspeito, além de treinador, eles tinham uma amizade. Então o suspeito começou a levar para restaurantes, bares e lá ele oferecia bebida alcoólica para depois abusar sexualmente das vítimas”, explica Goto.
“Foram quatro vítimas que prestaram esclarecimento, todos com riqueza de detalhes, relatando o mesmo modus operandi do suspeito”, relata a delegada.
“Ele [André] começou a pedir para as vítimas apagarem mensagens. Com uma das testemunhas, inclusive, ele simulou ele se passando pela delegada e fazendo perguntas, então ele orientava a vítima como ela deveria responder e omitir os abusos sexuais”, completa.
André foi indiciado por estupro de vulnerável, importunação sexual, além de violar dois artigos do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) o artigo 232, que diz respeito a humilhar e constranger adolescente; além do artigo 243 que é fornecer bebida alcoólica a menor de idade.
Os casos denunciados, de acordo com relato das vítimas, vem desde 2017, pelo menos. A delegada explica que a investigação segue para apurar a participação de outras pessoas. Além disso ela acredita que, com a divulgação do caso, mais vítimas possam procurar a polícia.