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GERAL
01/08/2021 18h24

Mudanças climáticas: os preocupantes sinais que unem frio recorde no Brasil a enchentes e calor pelo mundo

Transformações no clima aumentam frequência de eventos extremos, inclusive frio

A onda de frio extremo que chega ao Sul e Sudeste do Brasil nesta semana poderá fazer com que alguns brasileiros questionem se o planeta está, de fato, aquecendo. Sim, está - e há fortes indícios de que a onda de frio seja ela mesma intensificada pelas mudanças climáticas em curso.



Nas serras catarinense e gaúcha, as mínimas chegaram aos - 8.7ºC, com sensação térmica de até -25ºC, enquanto Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Campo Grande, São Paulo, Belo Horizonte e Vitória devem registrar as menores temperaturas do ano.



Será a segunda onda de frio intenso a atingir a região em menos de um mês. Em 30 de junho, várias cidades do Sul e Sudeste tiveram as menores temperaturas dos últimos anos - marcas que agora poderão ser batidas pela nova onda.



O frio extremo atinge o Sul do Brasil enquanto, no Hemisfério Norte, vários países registram recordes de calor e de volume de chuvas.



No Canadá, os termômetros na cidade de Lytton mediram 49,6ºC no fim de junho -marca que superou em 4,6ºC a temperatura mais alta registrada no País até então.

Poucas semanas depois, chuvas muito acima dos padrões inundaram cidades na Alemanha e na China. Os eventos extremos nos três países provocaram centenas de mortes.



É mais fácil entender como as mudanças climáticas favorecem recordes de calor e de chuva.



Intensificados nas últimas décadas, a queima de combustíveis fósseis (como o petróleo e o carvão) e o desmatamento ampliam a quantidade na atmosfera de gases causadores do chamado efeito estufa.



Esses gases dificultam a dispersão do calor dos raios solares que atingem o planeta, o que tende a aumentar a temperatura no globo como um todo.



Temperaturas mais altas, por sua vez, aceleram a evaporação da água, o que facilita a ocorrência de temporais.



A temperatura da Terra já subiu cerca de 1,2ºC desde o início da era industrial, e as temperaturas devem continuar aumentando a menos que os governos ao redor do mundo tomem medidas para reduzir as emissões. Porém, o aumento das temperaturas médias não quer dizer que ondas de frio não continuarão a ocorrer - nem mesmo que elas não possam se intensificar em situações específicas.



É o caso da massa polar que chega ao Brasil nesta semana, diz à BBC News Brasil o geógrafo e climatologista Francisco Eliseu Aquino, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS).



Aquino foi um dos primeiros pesquisadores a estudar as conexões climáticas entre o sul do Brasil e Península Antártica - tema de sua tese de doutorado, em 2012.





Imagem de satélite mostra avanço da massa de ar frio da Antártida rumo à América do Sul



Ele diz que, ao longo do ano, massas de ar circulam em sentido horário entre as duas regiões: o Sul do Brasil envia à Antártida massas de ar quente e recebe dela massas de ar frio.



Segundo Aquino, a velocidade dessa circulação se acelera conforme a mudança climática eleva a temperatura no Brasil no Inverno, época do ano em que a Antártida está bem gelada por não receber qualquer insolação.



Além disso, o calor acima do habitual no Sul do Brasil "perturba" o sistema de trocas, induzindo o ar quente a entrar na Antártida e abrindo o caminho para a chegada de ar frio.



Não por acaso, diz ele, exceto pelas ondas pontuais de frio de 2021, o centro-sul do Brasil tem tido um inverno mais quente que a média - o que também tem ocorrido nos últimos anos.



Na véspera da chegada desta massa polar, os termômetros em cidades como Porto Alegre e São Paulo beiravam os 30ºC. Em pleno Inverno.


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Mapa com massas de ar na América do Sul



Imagem computadorizada da última terça (27/7) mostra massa de ar quente deixando a América do Sul rumo à Antártida enquanto massa de ar frio deixa a Antártida rumo à América do Sul.



Outro ponto que tende ampliar o impacto desta onda de frio, diz Aquino, é que a massa que chega ao País se resfriou ainda mais ao passar pelo mar de Weddell - uma das regiões mais geladas da Antártida.



As condições são tão propícias ao avanço da massa, diz ele, que a onda deve derrubar as temperaturas até o Sul da Amazônia.



Aquino afirma que especialistas já previam há cerca de 15 anos a ocorrência dos eventos que hoje observamos no centro-sul do Brasil - incluindo ondas de frio extremo em meio a invernos quentes e secos.



"Caminhamos para um cenário de estiagens mais longas e secas no Brasil, com o desmatamento e as queimadas intensificando esses processos".



Aquino afirma que o planeta caminha rumo aos "limiares mais perigosos possíveis" dos cenários projetados para 2030 ou 2050. Embora o Acordo de Paris tenha estabelecido a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC em relação aos padrões pré-industriais, ele diz que os esforços foram comprometidos pelos anos em que Donald Trump exerceu a Presidência nos EUA.



Para Aquino, os eventos extremos em curso "já dão sinais de que as mudanças podem ser mais intensas do que as previstas pelos cenários mais ruins".



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Fonte: BBC
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