Mais de 30 vítimas relataram complicações como sangramentos, inchaços e sequelas após atendimentos feitos pela suspeita
A Polícia Civil de Santa Catarina abriu inquérito para investigar uma mulher suspeita de atuar ilegalmente como biomédica e causar complicações graves em pacientes após procedimentos estéticos realizados entre março e junho deste ano, em São José, na Grande Florianópolis. Pelo menos quatro mulheres já registraram boletim de ocorrência relatando infecções, inchaços, sangramentos e outras reações adversas.
Segundo as vítimas, a investigada se apresentava como especialista em lábios e biomédica nas redes sociais, onde acumulava cerca de 10 mil seguidores. A divulgação dos procedimentos era feita por meio de fotos de resultados que aparentavam sucesso, o que atraiu diversas pacientes. Os atendimentos ocorriam em um salão de beleza de uma conhecida da suspeita. Após o surgimento das denúncias, os perfis foram apagados.
O Conselho Regional de Biomedicina (CRBM) confirmou que a mulher, identificada como Suelem Damasceno da Silva, não possui registro profissional para atuar na área. O conselho informou ainda que recebeu denúncias sobre o exercício ilegal da profissão e encaminhou o caso para os órgãos competentes.
Em vídeos gravados pelas próprias pacientes, é possível ver áreas com inchaços, feridas abertas e sinais de infecção. Uma das vítimas contou que passou por um preenchimento nos glúteos e, no mesmo dia, apresentou febre alta e suores noturnos. Ao procurar orientação, foi instruída pela suposta profissional a retornar para uma “massagem”, como se os sintomas fossem normais.
“Ela passava muita confiança, tinha lábia. Parecia saber o que estava fazendo”, contou a paciente, que preferiu não se identificar. Outras vítimas também relataram falta de preparo técnico, especialmente na hora de tirar sangue. A investigada teria errado a veia com frequência e, ao ser questionada, dizia que “não era muito boa nisso” e que o técnico responsável não estava presente no dia.
Uma jovem de 19 anos disse que foi indicada por uma amiga e realizou dois procedimentos: preenchimento labial e rinomodelação. Logo após, o rosto ficou bastante inchado e dolorido. Apesar das tentativas de reverter o quadro, a paciente sofreu com sequelas por cerca de quatro meses. “Paguei R$ 1.000 pelo preenchimento. Fiquei irreconhecível. Ela dizia que eu era a primeira com esse tipo de reação e não me dava suporte”, afirmou.
No total, a jovem gastou R$ 2.400 com os procedimentos e, ao perceber que não era a única vítima, ajudou a reunir outras mulheres afetadas. “No começo éramos só duas. No dia seguinte, já havia 16 no grupo. Hoje, somos mais de 30”, relatou.
O CRBM reforça que apenas profissionais com habilitação específica em Biomedicina Estética e registro no conselho estão autorizados a realizar procedimentos dentro dos limites legais. O inquérito da Polícia Civil foi instaurado nesta segunda-feira (28) e as vítimas devem começar a ser ouvidas nos próximos dias.
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