Medidas incluem programas de demissão voluntária, venda de imóveis e estudo de abertura de capital para enfrentar déficits bilionários
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Os Correios divulgaram nesta segunda-feira (29) um plano de reestruturação para enfrentar os déficits financeiros acumulados desde 2022. Entre as principais medidas estão o fechamento de cerca de 16% das agências próprias, a implantação de programas de demissão voluntária, a venda de imóveis e o estudo de uma possível abertura de capital da estatal.
Segundo a empresa, aproximadamente mil das seis mil agências próprias devem ser fechadas, o que pode gerar uma economia estimada em R$ 2,1 bilhões. Considerando os pontos de atendimento mantidos por parcerias, os Correios contam hoje com cerca de 10 mil unidades em funcionamento no país. O presidente da estatal, Emmanoel Rondon, afirmou que o processo será feito sem comprometer a universalização do serviço postal.
O plano prevê ainda uma redução de despesas de cerca de R$ 5 bilhões até 2028, com dois planos de demissão voluntária (PDVs) previstos para 2026 e 2027, que devem reduzir o quadro de funcionários em 15 mil empregados. A direção também estuda revisar os aportes aos planos de saúde e previdência, além da venda de imóveis, com expectativa de arrecadar R$ 1,5 bilhão.
A reestruturação ocorre em meio a uma grave situação financeira. Desde 2022, os Correios acumulam um déficit estrutural de R$ 4 bilhões por ano. Em 2025, o saldo negativo chegou a R$ 6 bilhões nos nove primeiros meses, e o patrimônio líquido da empresa é negativo em R$ 10,4 bilhões.
Para reforçar o caixa, a estatal contratou um empréstimo de R$ 12 bilhões com cinco bancos, com parte dos recursos liberada ainda em 2025 e o restante previsto para janeiro de 2026. Mesmo com o crédito, a empresa afirma que ainda precisará captar outros R$ 8 bilhões para equilibrar as contas no próximo ano.
Os Correios também avaliam, a partir de 2027, uma mudança no modelo societário, com possibilidade de se tornar uma empresa de economia mista. Segundo Rondon, não há decisão sobre privatização, mas sim a busca por parcerias para tornar a estatal mais competitiva no setor de logística, afetado pela digitalização das comunicações e pelo aumento da concorrência no comércio eletrônico.
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