Para complicar ainda mais a situação, prevê-se a formação de um ciclone extratropical e de uma frente fria a partir de quarta-feira (08)
As intensas chuvas que castigam o Rio Grande do Sul desde a semana anterior já deixaram um rastro de 83 mortes e impactaram 364 dos 497 municípios gaúchos. Segundo o mais recente boletim da Defesa Civil do Estado, divulgado nesta segunda-feira (6/5), 129 mil pessoas foram deslocadas de suas residências, sendo que 20 mil encontram abrigo em espaços de acolhimento. O total de afetados pelo desastre climático ultrapassa 850 mil pessoas, enquanto 291 indivíduos estão feridos e 111 permanecem desaparecidos.
Cidades como Cruzeiro do Sul, Gramado, Veranópolis, Caxias do Sul, Lajeado e Santa Maria lideram as estatísticas de óbitos, evidenciando a dimensão do impacto. O Lago Guaíba, com níveis recorde, permanece mais de 5 metros acima do volume considerado normal, enquanto o Climatempo emitiu um alerta de perigo extremo para o sul do estado, prevendo chuvas frequentes e volumosas, acompanhadas de ventos de até 85 km/h, podendo ocorrer temporais em áreas como Pelotas e na Campanha Gaúcha.
Para complicar ainda mais a situação, prevê-se a formação de um ciclone extratropical e de uma frente fria a partir de quarta-feira (8/5), intensificando a instabilidade climática em todo o estado. Diante desse cenário desafiador, o governo estadual, em colaboração com entidades de segurança e resgate, intensifica os esforços para minimizar os impactos e prevenir novas tragédias, especialmente considerando as ameaças à segurança de barragens e as adversidades logísticas decorrentes das condições climáticas adversas.
Com a escalada das perdas humanas e materiais, o governador Eduardo Leite menciona a necessidade de um "Plano Marshall", inspirado na estratégia americana de reconstrução da Europa pós-Segunda Guerra Mundial. Esse plano, além de contemplar medidas emergenciais, deverá incluir estratégias de resiliência climática, visando fortalecer a capacidade do estado de enfrentar extremos climáticos futuros. A visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva às áreas afetadas ressalta a importância da solidariedade nacional e da cooperação entre entes federativos diante desse desafio sem precedentes.
Enquanto isso, meteorologistas alertam para a persistência de fatores desencadeantes das chuvas intensas, como a presença de um cavado, o corredor de umidade vindo da Amazônia e uma onda de calor na região central do país. O desafio de enfrentar esses eventos extremos requer uma resposta integrada e urgente, tanto em termos de ações de curto prazo para assistência às vítimas quanto de medidas estruturais para fortalecer a resiliência dos estados diante dos desafios climáticos emergentes.