Medidas anunciadas em coletiva de imprensa promovida pela 29ª Promotoria de Justiça da Capital, Federação Catarinense de Futebol e Polícia Militar buscam coibir escalada de confrontos violentos nos estádios e arredores
Uma série de medidas para conter a violência entre as torcidas nos jogos do Campeonato Catarinense de Futebol foram anunciadas em entrevista coletiva promovida nesta terça-feira (27/2) pela 29ª Promotoria de Justiça da Capital, pela Federação Catarinense de Futebol (FCF) e Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC). Em especial, torcida única nos próximos dois clássicos de Florianópolis, restrição da venda de bebidas alcoólicas em garrafas de vidro e proibição temporária de torcidas organizadas de Figueirense, Avaí e Brusque de frequentar os estádios.
Diante dos fatos, foi deliberado por unanimidade pela aplicação da sanção de suspensão das torcidas organizadas, pelo prazo de cinco meses para as organizadas Mancha Azul, do Avaí, e Gaviões Alvinegros, do Figueirense, e, ainda, pelo prazo de três meses para a torcida Força Independente, do Brusque. A proibição é válida para qualquer modalidade (profissional, não profissional e amistosa) e os integrantes estão proibidos de entrar nos locais portando vestuários, bandeiras, faixas e quaisquer outros instrumentos com referência aos símbolos do grupo.
Nesta segunda-feira (26/2) a 29ª Promotoria de Justiça da Capital encaminhou recomendação à FCF para que nos próximos dois jogos entre Avaí e Figueirense em Florianópolis seja adotada torcida única, apenas do time mandante da partida. A recomendação será seguida pela Federação Catarinense de Futebol.
A Promotoria de Justiça também recomendou à Subsecretaria de Urbanismo e Serviços Públicos - SUSP do Município de Florianópolis que deixe de emitir autorizações a vendedores ambulantes para comercialização de bebidas em embalagens/copos de vidro - utilizados como instrumento para agressões e arremessados contra policiais militares - nos arredores dos estádios de futebol da Capital.
O Promotor de Justiça Wilson Paulo Oliveira Neto destaca que as decisões foram tomadas em reunião realizada no dia 22 de fevereiro entre o Ministério Público de Santa Catarina, por meio da 29ª Promotoria de Justiça da Comarca da Capital e do Centro de Apoio Operacional do Consumidor, com representantes da PMSC e da FCF, quando foram analisadas representações encaminhadas pela Polícia Militar dando conta de conflitos recentes com envolvimento das torcidas organizadas mencionadas. Durante a coletiva foram apresentados vídeos que demonstram uma série de atos violentos nos estádios e no entorno.
"Nós estudamos, discutimos e deliberamos sobre essas questões para tentarmos evitar situações ainda piores, como são observadas em outros estados. Não podemos esperar que aconteça uma morte, não podemos permitir que alguém que vá se divertir com a família seja espancado por vestir a camisa de outro time. É uma situação lamentável que se faz necessária em virtude do flagrante aumento da violência que tem ocorrido nos clássicos, principalmente entre torcidas organizadas, e que se espalha para outras regiões do estado", explica Mendonça Neto, que anunciou, ainda, que a Polícia Civil instaurou inquérito policial para identificar as pessoas que aparecem nos vídeos apresentados na coletiva.
Medida inédita
De acordo com o Coronel Dante da Costa Chierighini, Comandante da 1ª Região da PMSC, responsável pelo policiamento dos jogos de futebol em Florianópolis, a Polícia Militar demanda um contingente cada vez maior, organizando "verdadeiras operações de guerra" para um evento que deveria ser de alegria e diversão para todos. Chierighini alerta também para o aumento de pontos de concentração de torcidas nos arredores dos estádios com o objetivo de estabelecer confrontos com torcidas rivais, obrigando a PMSC a tomar medidas cada vez mais duras em relação à repressão desses atos. "São decisões e medidas que a Polícia Militar não deseja, mas, estamos todos preocupados com os riscos de resultados ainda piores", pondera.
O Secretário-Geral da Federação Catarinense de Futebol, Claudio Gomes, lamentou ter que chegar ao ponto em questão, destacando que em outras oportunidades a entidade foi contrária à implementação de torcida única, mas alega que a situação atual se mostra insustentável. "É a primeira vez na história em Santa Catarina que precisaremos recorrer à estratégia de torcida única, porém, diante do quadro crescente de violência, só nos resta respeitar a decisão do Ministério Público e da Polícia Militar. O futebol está triste. Felizmente, trata-se de uma decisão temporária para que em 2025 possamos voltar com uma nova realidade", reconhece.
Também participaram da entrevista coletiva o Tenente-Coronel Carlos Augusto Sell Junior, Presidente da Comissão Permanente de Futebol da PMSC, e Rodrigo Capela, Procurador Jurídico da Federação Catarinense de Futebol.
Sobre as deliberações
Em 2008 foi instaurado um Termo de Ajustamento de Conduta para acompanhamento da situação da violência nos estádios de futebol. Com base nos relatórios das ocorrências atendidas pela PMSC durante os jogos, são organizadas reuniões periódicas para deliberação acerca das medidas necessárias. Exatamente assim, chegou-se à conclusão dessas ações.
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