Projeto científico revela detalhes da vida de sociedades pré-coloniais e transforma o sítio Jabuticabeira II em espaço pedagógico para estudantes da rede municipal
Estudantes da rede municipal de ensino de Jaguaruna viveram, nesta segunda-feira (13), uma verdadeira viagem no tempo durante uma visita ao sítio arqueológico Jabuticabeira II, localizado no litoral sul de Santa Catarina. A atividade integra o projeto “As sociedades costeiras do Brasil pré-colonial”, que realiza escavações no local para investigar o modo de vida de comunidades que habitaram a costa atlântica há milhares de anos.
Ao todo, cerca de 100 alunos participaram da ação, acompanhando de perto o trabalho da equipe de arqueólogos que atua no sítio. A iniciativa faz parte de um conjunto de atividades de educação patrimonial, que busca aproximar a população, especialmente os mais jovens, do rico patrimônio arqueológico presente na região.
Coordenado pela arqueóloga Ximena Villagran, o pesquisa utiliza técnicas inovadoras de Microarqueologia para estudar os Sambaquis, que são montes formados por conchas, ossos e resíduos que registram a presença de sociedades pescadoras entre 8.500 e 1.500 anos atrás. A pesquisa integra análises ambientais, genéticas, arqueobotânicas e bioarqueológicas, permitindo reconstruir em detalhes aspectos como dieta alimentar, organização social e transformações culturais.
A visita pedagógica faz parte de uma etapa importante do projeto, segundo o arqueólogo e professor, Geovan Guimarães, responsável pelas ações educativas, a proposta é integrar a ciência ao cotidiano escolar.
“A gente esteve num primeiro momento trabalhando as ações de educação patrimonial na escola e agora a gente vem aqui para campo conhecer um pouco do que a pesquisa arqueológica faz, as metodologias que ela utiliza, como que a gente desenvolve a pesquisa na prática. Transformar esse espaço, o sítio arqueológico, em um espaço pedagógico, onde a gente pode aprender mais sobre a história dos grupos que estavam vivendo nesse território, essa história que é rica, diversa e é milenar”, explicou.
De acordo com Ximena Villagran, esta etapa da pesquisa marca a fase final da campanha de 2025, que durou cerca de um mês.
“Amanhã encerramos os trabalhos de campo no Jabuticabeira II e a equipe volta para São Paulo. Esta pesquisa dá continuidade a estudos iniciados há mais de 20 anos pelo professor Paulo DeBlasis, também do MAE-USP, instituição onde eu trabalho. Então a gente está dando continuidade, retomando esses estudos e dando uma nova perspectiva, um novo olhar, trazendo novas perguntas e, principalmente, novos métodos”, destacou.
Além do sítio Jabuticabeira II, as escavações se estendem a outras áreas do Brasil, como o litoral norte do Espírito Santo, permitindo comparações entre diferentes contextos arqueológicos. A expectativa dos pesquisadores é que os dados gerados contribuam para aprofundar o entendimento sobre uma das ocupações humanas mais duradouras do continente sul-americano.
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